domingo, 2 de maio de 2010

Globalino e o aquecimento global

Gladston Salles



Algumas décadas após a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima...

Na terra reina o caos. A água é escassa e qualquer alimento “vale ouro”. Muitos povos migraram e sucumbiram na luta pela sobrevivência. As geleiras derreteram e os oceanos engoliram nações inteira. O egoísmo, o desamor e a ambição desmedida dos homens focados apenas na conquista de bens materiais contribuíram muito para essa horrenda situação. As grandes potências mundiais (maiores responsáveis pela poluição) não deram a devida importância aos apelos dos ecologistas e dos movimentos populares pela preservação da natureza. Os cientistas com base nos estudos e pesquisas avançadas bem que tentaram convencer os governantes sobre os danos irreversíveis que a desenfreada poluição causaria a terra. Mas de nada adiantou... Mesmo diante de estranhas mudanças climáticas e a ocorrência de catástrofes provocadas por tufão, ciclone, furacão, maremoto, temporais avassaladores, inundações, terremoto, etc., os chamados “países ricos” continuaram com seus projetos ambiciosos de desenvolvimento econômico, expansão industrial, aumento do poderio bélico e do arsenal nuclear e conquista espacial. Lamentavelmente sem consciência ecológica e sem tomar as devidas medidas preventivas contra o chamado “aquecimento global”.

Nesse contexto Globalino vive sem esperança diante de um cenário demasiadamente triste. O mundo está em ruínas. Quase não existe “verde”. O calor é sufocante. Globalino sente muita fome e sede. É o “aquecimento global” implacável e irreversível que atingiu nível humanamente insuportável. Os rios secaram. A vegetação é coisa rara. Os homens e animais estão morrendo. Não há comida. O campo está sem cultivo. Aliás, está quase tudo deserto. Cidades "fantasmas". Árvores ressequidas. Nenhum pássaro vadio. Ruas e avenidas vazias. Casas sem ninguém. Indústrias falidas. Comercio extinto. Nenhum meio de transporte em atividade. Tudo virou sucata.Lixo em abundância. Podridão. Medo. Desespero e lágrimas. Sinais de luto e abandono.

Globalino perdeu a família e está muito doente. Solitário e sem destino resolve com dificuldade caminhar até a velha estação de trem... Lá chegando não encontra ninguém para ajudá-lo. O vazio é imenso. A solidão cruel. Não existe mais passageiro. Nem maquinista. O trem parou pra sempre... Globalino sabe que não tem pra onde fugir. A visão fica turva e quase não consegue mais respirar. Sente uma dor aguda no peito e sem socorro sentado no banco agoniza e morre.

- Que ironia do destino... Defronte a estação há um cartaz antigo e desgastado onde se lê “Vamos salvar o planeta”.



http://recantodasletras.uol.com.br/contos/2013391

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