segunda-feira, 11 de julho de 2011

Uma canção é pra isso

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A bicharada faz a festa


A bicharada faz a festa

Em uma bela tarde em uma fazenda, Senhor Toupeira morrendo de fome foi arrumar comida. Depois de algum tempo debaixo da terra, bateu em algo. Subiu para a superfície e viu aquela enorme placa com a propaganda de tomate.
_ Uau tomate, eu adoro tomate, eu sonho com tomate e minha vida é tomate.
É se vocês tiveram dificuldades de compreender, ele ama tomate.
Logo em seguida, passou uma caminhonete com algumas cenouras e como ele estava com fome, não pensou duas vezes em fazer algo para consegui-las.
“Se eu fizer um pequeno buraco, a caminhonete passaria e deixaria algo cair”.
E assim quando a caminhonete passou pelo buraco, deixou cair uma cenoura e o senhor Toupeira foi pegá-la, daí veio um esquilo, pegou, cheirou e comeu a cenoura.
- Seu bandidinho de uma figa!
... Depois, passou varias caminhonetes cheias de legumes, mas a cada um que caia algum animal pegava.
Até que quando a última caminhonete passou e não deixou cair um ou dois, deixou cair muitos legumes para o senhor toupeira foi um paraíso, mas quando ele foi pegar o grande tomate, alguns corvos pegaram-no, mas não só o grande, pegaram todos os legumes.
_ Mas, eu estava tão perto do grande tomate! Eu não vou desistir.
O bicho brigou, xingou e puxou os corvos para baixo, mas nada adiantou.
Você ainda se lembra daquele pequeno buraco do início, não é... Pois bem! Outra caminhonete passou por lá, perdeu o controle e deixou a vaca ( no bom sentido ) cair bem em cima da toupeira. Mas, e o fim do Senhor Toupeira! É, ele foi esmagado pela vaca e agora vai no traseiro dela, onde for!

Nome: Thalyta                        Série: 5ª A

Baseado no vídeo TOPO da PIXAR Vídeos

Carta do leitor

Caro Senhor Contardo Calligaris.

Li a sua matéria publicada na São Paulo, Publifolha, cujo título é Insegurança e nos ajuda a compreender que quando a criança está entrando na fase da adolescência se olha no espelho e se acha diferente, insegura, acredita que os adultos não vão ter o mesmo amor de quando era criança.
Percebo que os jovens são inseguros por conta da mídia, pois dita muito sobre o padrão de beleza a tal ponto de causar muitos problemas para a vida do jovem, ele pode se achar gordo, por exemplo. Pode ter anorexia ou bulimia e diversos outros problemas.
Portanto, seria ótimo se os jornais publicassem matérias para ajudar os jovens e seus familiares a lidar com esses problemas.
Thais Amaral do Carmo                  nº 31                       série 8ª B

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Carta do leitor

Caro Senhor Geraldo Castilho
Li sua matéria publicada na publifolha, cujo título é Insegurança, nos ajuda a compreender um pouca mais sobre o tema, pois é um problema que todos os adolescentes passam por essa situação.
Percebo que o texto mostra o nosso cotidiano, com isso podemos parar e refletir mais sobre o assunto, por exemplo, no começo o texto. "O adolescente se olha no espelho e se acha diferente". Ele se acha diferente por causa da mídia que influência como o adolescente deve ser, o que deve usar, como agir.
O texto dá váriaos exemplos, como os adolescentes se sentem na frente do espelho " Será que sou amável, desejável, bonito(a), agradável, inoportuno, inadequado...
Portanto, o texto apresentado é muito importante para todos e gostaria de sugerir que o senhor possa trazer outros temas em breve.
Obrigada,
Carla


Nome: Carla                      aluna da 8 série B

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Tears of the dragon

http://www.youtube.com/watch?v=D_8epbz-qZ8&feature=related


Agora, durante minhas folgas estarei digitando alguns textos dos meus alunos. Esta música representa a insegurança que os jovens e crianças tem diante de escrever e externar a imaginação, a criatividade, têm receios da rejeição. Muito pelo contrário, o difícil é satisfazer a todos em prestigiá-los. A trajetória da música demonstra o enredo do eu-lírico em conseguir expor as emoções e neste lirismo da música apresenta em metáforas as lágrimas do dragão, um ser fantástico, lendário, temido e forte sofrendo e inseguro, tentando vencer os obstáculos. É isso aí, a todo instante temos provas e devemos superar nossos temores.

Um fato não posso deixar de citar. Na quinta série, uma aluna discretamente foi em minha mesa perguntar-me
"Professora, posso lhe fazer uma pergunta?"
" Sim"
"Porque crônica de Narnia?"
Achei brilhante o questionamento dela e lhe disse:
"Talvez, o autor quis repassar que num mundo fantástico e maravilhoso, aqueles fatos narrados são crônicas para o imaginário, ou seja, são cotidianos"
Ela respondeu-me
" Mas que pessoa mais criativa! professora"....


Essa aluna linda chama-se Kassandra da 5 série A 

terça-feira, 24 de maio de 2011

Entrevista com o professor Ataliba Castilho sobre o livro didático "Por uma vida melhor"

Muito me intriga a reportagem nos noticiários televisivos sobre o livro autorizado pelo MEC em que continha propostas metodológicas para trabalhar os desvios da língua. Li um artigo no jornal Hoje de circulação gratuita um parecer muito contundente desaprovando este livro de Língua Portuguesa. Além de conter trechos, apresenta o parecer do MEC " o livro estimula a formação de cidadãos que usem a língua com flexibilidade" o propósito também é " discutir o mito de que há apenas uma forma de se falar corretamente". Já o jornal encerra explicitando categoricamente "No momento eu que o MEC admite a vulgarização da língua, praticamente se dá um atestado à incompetência. Escrever errado, por um motivo ou outro, é algo possível de aceitar. O que não pode é admitir a instituição do erro nos currículos escolares."
Nisso, acredito que há um erro pelo autor do artigo e até por alguns da sociedade, na compreensão da transformação do processo na escrita e fala, pois assim como na retextualização do trecho de um filme, como por exemplo Cidade de Deus, há momentos que devemos criar meios de verossimilhança. O terrível é assistir a um filme ou a uma novela em que um ator representado os padrões da periferia fala corretamente a língua com todas as colocações pronominais e concordâncias adequadas, daí não traria ao ouvinte um efeito adequado, torna-se até irreal pelo padrão social ou mesmo variações regionalistas. Percebo que é essa a proposta dos PCNs, conduzir os alunos a perceberem as variedades linguísticas no processo da escrita e da fala e não vulgarizar a língua materna. A matéria era "Escrever certo por linhas certas", P.2 Jornal Hoje, Guarulhos, terça-feira, 17 de maio de 2011.

Realmente o maravilhoso no estudo da língua são as variações e transformações que as decorrem durante os anos, eu acredito que isso ocorre porque assim como sofremos influências no nosso comportamento quer pela moda, pela opinião, pela forma de pensar, até na comunicação. Diante das esferas sociais, produzimos marcas linguísticas que as constituem.

Vai então um vídeo muito esclarecedor de um dos maiores estudiosos da Língua Portuguesa

Ederson Granetto entrevista o professor Ataliba Castilho sobre o polêmico livro didático para jovens e adultos distribuído pelo MEC a 4.236 escolas do país, quase meio milhão de alunos. O Livro "Por uma Vida Melhor", da Editora Global, considera válido o uso, na linguagem oral, de expressões gramaticalmente erradas mas alerta para a possibilidade do falante sofrer preconceito linguístico. Ataliba Castilho é pesquisador e professor aposentado da USP e da Unicamp

domingo, 22 de maio de 2011

A menina da capa roxa



Numa cidade pequena existia uma menina que se chamava Aline. Um dia a sua mãe a chamou e pediu:
- Filha vai levar uns biscoitos para a sua tia, pois ela está muito doente.
- Vou sim mamãe!
A menina pegou a cesta e quando ia saindo, então sua mãe gritou:
- Filha, não se esqueça, nada de falar com estranhos e vá pelo caminho do rio.
- Pode deixar, mãezinha, vou fazer tudo direitinho. Vou só pegar minha capa roxa, pois pode esfriar. Andando distraída acabou pegando o caminho errado e quando percebeu, já estava dentro da floresta. Foi ai que ouviu um:
- Oi, linda menina!
Ela se assustou, porém respondeu:
- Olá, mas quem é você?
- Sou um anjo que mora aqui na floresta, zelo pelas arvores, plantas e protejo as pessoas que passam por aqui.
- Que bom, porque acabei errando o caminho e entrei na floresta por engano, pois devia ter ido pelo caminho do rio, como minha mãe disse.
- Ah é? Mas por que sua mãe disse isso?
- Porque andam falando de um lobo que está comendo as pessoas e que fica escondido aqui.
- Nossa!! E como esse lobo é?
- Dizem que ele tem uma barba bem longa igual a sua e o cabelo é lisinho e bem preto assim como o seu. Ah! E que a boca é bem grande e vermelha, tem dentões assim parecido com os seus.
- Opa! Você não acha que esse lobo se parece muito com você?
E o lobo respondeu:
Não sei não, porque nunca me olhei no espelho, mas sei de uma coisa...
- Do que?
- estou com uma vontade louca de te engolir.
A menina começou a gritar e se debater. Quando caiu de sua cama, percebeu que tudo não passava de um pesadelo.
- Ufa! Que bom!

Aluna: Nathalia Rodrigues       série 5          turma A

O Menino do boné vermelho



O  Menino do boné vermelho

Numa cidade bem distante, tinha um garoto de boné vermelho e a mãe mandou-o para casa do pai porque eles eram divorciados.
O garoto tinha que passar pelo bairro que não era muito agradável. Um homem de casaco preto chamou o menino para ir a um tal lugar falando:
- Vem garoto, vai ser bem divertido!
O menino ingênuo respondeu:
- OK!
Outro homem percebeu o que iria acontecer e chamou a polícia. Quando a polícia chegou, o menino estava lutando com o bandido, o policial foi ajudar o garoto.
Quando tudo acabou, o policial levou-o para a casa do pai e falou:
- Seu filho quase foi seqüestrado, mas agora está tudo bem.
- Muito obrigado, seu guarda!
O garoto aprendeu uma lição muito valiosa nesse dia que era “ nunca confiar em estranhos na vida “.
E todos ficaram sãos e salvos.
Ps. Essa lição é para todo mundo.

Aluno: Matheus Borges                               série 5      turma A

A menina da capa roxa



A menina da capa roxa

Havia uma bela menina chamada Ana Júlia, só que foi apelidada de “A menina da capa roxa”, pelo fato de usar uma capa roxa, presente de sua tia.
Na tarde de sexta-feira, sua mãe a chamou:
- Ana, Ana, filha vem cá!
-Estou indo, mãe.
- O que foi mãe?
- Filha, sua avó vai se casar com o lenhador, Haroldo. Ela pediu para você entregar estes convites pela vizinhança. Você pode fazer isto?
- Claro. Com todo o prazer, mamãe!
Então, Ana Júlia foi. No caminho, um ladrão estava passando e ele disse:
- Aonde vai bela menina?
- Não te interessa....
- Calma, calma!!!
- Tchau, tenho que ir.
Aquele ladrão leu um dos convites e disse:
- Vou matar o futuro avô dessa atrevida!
Quando ela chegou ao jardim da casa de sua avó, disse:
- Vovó, abra a porta! Sou eu, Ana Júlia.
- Entre, minha filha. Puxe a tranca e a porta vai se abrir.
Ana entrou e disse:
- Vó, trouxe nesta cesta um bolo de chocolate que a minha mãe fizera para a senhora.
- Obrigada minha pequena! Você já entregou aqueles convites?
- Já sim, vovó!
Enquanto elas conversaram, Haroldo voltava para casa, o ladrão passava para colocar em prática seu minucioso plano diabólico., então o ladrão deu um tiro em Haroldo:
- Tooww
- Aiww
Quando Ana foi embora, viu Haroldo deitado no chão, todo ensangüentado.
- Haroldo! Haroldo!
Ela pensou
(Meu Deus, a vovó naquela idade vai ter um treco )
Ana ligou para sua mãe e ela viera correndo.
- Filha, o que aconteceu?
- Eu não sei, estava na casa da vovó, ela vai ficar muito triste, triste mesmo.
Passaram-se três meses....
A avó de Ana então se casou de novo e Ana, sua avó e Sr. Cláudio, o novo marido de sua avó, viveram muito felizes.

Aluna: Beatriz Moraes                  Série 5  turma B

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Rachel - GLEE - Firework

domingo, 1 de maio de 2011

Minha mãe, minha flor

Anjos de Resgate  - Homenagem ao dia das mães







A comemoração do dias das mães, que no Brasil ocorre no segundo domingo do mês de maio, surgiu em virtude do sofrimento de uma americana que, após perder a mãe, passou por um processo depressivo. As amigas mais próximas de Anna M. Jarvis, para livrá-la de tal sofrimento, fizeram uma homenagem para sua mãe, que havia trabalhado na guerra civil do país. A festa fez tanto sucesso que em 1914, o presidente Thomas Woodrow Wilson oficializou a data, e a comemoração se difundiu pelo mundo afora.
As mães são homenageadas desde os tempos mais antigos. Os povos gregos faziam uma comemoração à mãe dos deuses, Reia. Na Idade Média os trabalhadores que moravam longe de suas famílias ganhavam um dia para visitar suas mães, que os ingleses chamavam de “mothering day”.

 Fonte: http://www.brasilescola.com/datacomemorativas/dia-das-maes.htm



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Questões sobre o conto Uma vela para Dário

PORTUGUÊS E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Uma Vela para Dário
Dalton Trevisan

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio, quando vivo, só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos. Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.

(Vinte Contos Menores. Record: Rio de Janeiro, 1979, p.2.)



1) O conto aborda:
(A) o comportamento solidário das pessoas com relação a quem elas não conhecem.
(B) a rapidez com que o homem é transformado em objeto.
(C) a demora do socorro médico prestado a um indigente.
(D) a descontração e a vivacidade dos habitantes de um bairro de uma cidade grande.

2) Qual a alternativa que expressa somente índices caracterizadores da classe social do personagem?
(A) Sentar no chão, usar gravata.
(B) Ser famoso, ter carteira com documentos.
(C) Usar alfinete de pérola na gravata, fumar cachimbo.
(D) Passar próximo a uma peixaria, portar guarda-chuva.

3) A vela colocada ao lado do cadáver pelo menino de cor e descalço simboliza:
(A) que alguém reconhece a dignidade humana de Dario.
(B) que já estava escuro, sem iluminação.
(C) que naquele bairro faltava luz elétrica.
(D) que era necessário aquecer Dario.

4) De que trata o texto de Dalton Trevisan? O que o título do texto nos sugere?

5) Recupere alguns elementos dessa narrativa:
• Onde ocorrem os fatos narrados?
• Quando ocorrem?
• Quem é Dario? Descreva esse personagem a partir das informações do texto.
• Quem são os demais personagens da narrativa?
• Como esses personagens reagem ao drama de Dario?

6) Quando tem início o conflito da narrativa?

7) Que tipo de narrador temos nesse conto?

8) Leia e se possível escute a música “ De frente pra crime” de João Bosco e Aldir Blanc e responda: Qual é a semelhança entre esses discursos, que “sacodem” leitores e ouvintes. Justifique com elementos do texto.

9) Na letra da música podemos perceber a presença do eu-lírico. Em que momento aparece e quem supostamente é a representação deste eu.

De frente pro crime

Tá lá o corpo estendido no chão/ Em vez de um rosto uma foto de um gol/ Em vez de reza uma praga de alguém/ E um silêncio servindo de amém /O bar mais perto depressa lotou/ Malandro junto com trabalhador/ Um homem subiu na mesa do bar/ E fez discurso para vereador/
Veio camelô vender anel, cordão perfume barato/ E baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gato/ Quatro horas da manhã baixou o santo na porta bandeira/ E a moçada resolveu parar e então...
Tá lá o corpo estendido no chão/ Em vez de rosto uma foto de um gol/ Em vez de reza uma praga de alguém/ E um silêncio servindo de amém
Sem pressa foi cada um pro seu lado/ Pensando numa mulher ou num time/ Olhei o corpo no chão e fechei/ Minha janela de frente pro crime/
Veio camelô vender anel, cordão perfume barato/ E baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gato/ Quatro horas da manhã baixou o santo na porta-bandeira/ E a moçada resolveu parar e então...
Tá lá o corpo estendido no chão

10) Escreva uma Notícia baseada nos fatos apresentado na letra da música ou no conto, Dê uma manchete ao texto.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Música - Naquela mesa - Sérgio Bittencourt

Vídeo conto Fita Verde no cabelo de João Guimarães Rosa



Fita Verde no Cabelo
"HAVIA UMA ALDEIA em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma menininha, a que por enquanto. Aquela um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continuava doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar franboesa.
Daí, que, indo no atravessar o bosque, viu só os lenhadores que por lá lenhavam, mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então, ela mesma era quem se dizia: “Vou à vovó com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.” A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra, também vindo-lhe correndo em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebéinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejamente. Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela toque, toque, bateu:
- Quem é?
- Sou eu... – Fita- Verde descansou a voz – Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.
Vai, a avó, difícil disse:
- Puxa i ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.
Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco assim, de ter apanhado um defluxo. Dizendo:
- Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.
Mas agora Fita-Verde se assustava além de entristecer-se de ver que perdera sua grande fita verde no cabelo atada, e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
- Vovozinha, que braços tão magros os seus, e que mãos tão tremenstes!
- É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta... – a avó murmurou.
- Vovozinha, mas que lábios tão arrocheados!
- É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta...- a avó suspirou.
- Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado e pálido?
- É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha... – avó ainda gemeu.
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez...
Gritou:- Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo".
Texto do escritor brasileiro João Guimarães Rosa

Vídeo do conto Uma vela para Dário

Vídeo da música " De frente pro crime "
Interpretação de Daniela Mercury e João Bosco


Uma Vela para Dario

Dalton Trevisan


Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.

Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.

Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.

A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.

Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.

Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.

Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.

A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.

Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.


Texto extraído do livro "Vinte Contos Menores", Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág. 20.


domingo, 17 de abril de 2011

exercícios avaliativos de interpretação sobre o conto Venha ver o por do sol

VENHA VER O POR DO SOL ( APÓS A LEITURA ASSISTA O VÍDEO )

ELA SUBIU sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde.
Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinham um jeito jovial de estudante.
- Minha querida Raquel.
Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.
- Vejam que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que ideia, Ricardo, que ideia! Tive que descer do táxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima
Ele sorriu entre malicioso e ingênuo.
- Jamais, não é? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância...Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete-léguas, lembra?
- Foi para falar sobre isso que você me fez subir até aqui? - perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro. - Hem?!
- Ah, Raquel... - e ele tomou-a pelo braço rindo.
- Você está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos pilantras, azul e dourado...Juro que eu tinha que ver uma vez toda essa beleza, sentir esse perfume. Então fiz mal?
- Podia ter escolhido um outro lugar, não? – Abrandara a voz – E que é isso aí? Um cemitério?
Ele voltou-se para o velho muro arruinado. Indicou com o olhar o portão de ferro, carcomido pela ferrugem.
- Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo – acrescentou, lançando um olhar às crianças rodando na sua ciranda. Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do companheiro. Sorriu. - Ricardo e suas ideias. E agora? Qual é o programa?
Brandamente ele a tomou pela cintura.
- Conheço bem tudo isso, minha gente está enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr do sol mais lindo do mundo.
Perplexa, ela encarou-o um instante. E vergou a cabeça para trás numa risada.
- Ver o pôr do sol!...Ah, meu Deus...Fabuloso, fabuloso!...Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr do sol num cemitério...
Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta.
- Raquel minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa que vive espiando pelo buraco da fechadura...
- E você acha que eu iria?
- Não se zangue, sei que não iria, você está sendo fidelíssima. Então pensei, se pudéssemos conversar um instante numa rua afastada...- disse ele, aproximando-se mais. Acariciou-lhe o braço com as pontas dos dedos. Ficou sério. E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram se formando em redor dos seus olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta. Não era nesse instante tão jovem como aparentava. Mas logo sorriu e a rede de rugas desapareceu sem deixar vestígio. Voltou-lhe novamente o ar inexperiente e meio desatento –Você fez bem em vir.
- Quer dizer que o programa... E não podíamos tomar alguma coisa num bar?
- Estou sem dinheiro, meu anjo, vê se entende.
- Mas eu pago.
- Com o dinheiro dele? Prefiro beber formicida. Escolhi este passeio porque é de graça e muito decente, não pode haver passeio mais decente, não concorda comigo? Até romântico.
Ela olhou em redor. Puxou o braço que ele apertava.
- Foi um risco enorme Ricardo. Ele é ciumentíssimo. Está farto de saber que tive meus casos. Se nos pilha juntos, então sim, quero ver se alguma das suas fabulosas ideias vai me consertar a vida.
- Mas me lembrei deste lugar justamente porque não quero que você se arrisque, meu anjo. Não tem lugar mais discreto do que um cemitério abandonado, veja, completamente abandonado – prosseguiu ele, abrindo o portão. Os velhos gonzos gemeram. – Jamais seu amigo ou um amigo do seu amigo saberá que estivemos aqui.
- É um risco enorme, já disse . Não insista nessas brincadeiras, por favor. E se vem um enterro? Não suporto enterros.
- Mas enterro de quem? Raquel, Raquel, quantas vezes preciso repetir a mesma coisa?! Há séculos ninguém mais é enterrado aqui, acho que nem os ossos sobraram, que bobagem. Vem comigo, pode me dar o braço, não tenha medo...
O mato rasteiro dominava tudo. E, não satisfeito de ter se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrando-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com a sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios da morte. Foram andando vagarosamente pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos. Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos medalhões de retratos esmaltados.
- É imenso, hem? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, é deprimente – exclamou ela atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada.- Vamos embora, Ricardo, chega.
- Ah, Raquel, olha um pouco para esta tarde! Deprimente por quê? Não sei onde foi que eu li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da tarde, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambiguidade. Estou lhe dando um crepúsculo numa bandeja e você se queixa.
- Não gosto de cemitério, já disse. E ainda mais cemitério pobre.
Delicadamente ele beijou-lhe a mão.
- Você prometeu dar um fim de tarde a este seu escravo.
- É, mas fiz mal. Pode ser muito engraçado, mas não quero me arriscar mais.
- Ele é tão rico assim?
- Riquíssimo. Vai me levar agora numa viagem fabulosa até o Oriente. Já ouviu falar no Oriente? Vamos até o Oriente, meu caro...
Ele apanhou um pedregulho e fechou-o na mão. A pequenina rede de rugas voltou a se estender em redor dos seus olhos. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escureceu, envelhecida. Mas logo o sorriso reapareceu e as rugazinhas sumiram.
- Eu também te levei um dia para passear de barco, lembra?
Recostando a cabeça no ombro do homem, ela retardou o passo.
- Sabe Ricardo, acho que você é mesmo tantã...Mas, apesar de tudo, tenho às vezes saudade daquele tempo. Que ano aquele! Palavra que, quando penso, não entendo até hoje como aguentei tanto, imagine um ano.
- É que você tinha lido A dama das Camélias, ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance você está lendo agora. Hem?
- Nenhum - respondeu ela, franzindo os lábios. Deteve-se para ler a inscrição de uma laje despedaçada: - A minha querida esposa, eternas saudades - leu em voz baixa. Fez um muxoxo.- Pois sim. Durou pouco essa eternidade.
Ele atirou o pedregulho num canteiro ressequido.
Mas é esse abandono na morte que faz o encanto disto. Não se encontra mais a menor intervenção dos vivos, a estúpida intervenção dos vivos. Veja- disse, apontando uma sepultura fendida, a erva daninha brotando insólita de dentro da fenda -, o musgo já cobriu o nome na pedra. Por cima do musgo, ainda virão as raízes, depois as folhas...Esta a morte perfeita, nem lembrança, nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso.
Ela aconchegou-se mais a ele. Bocejou.
- Está bem, mas agora vamos embora que já me diverti muito, faz tempo que não me divirto tanto, só mesmo um cara como você podia me fazer divertir assim – Deu-lhe um rápido beijo na face. - Chega Ricardo, quero ir embora.
- Mais alguns passos...
- Mas este cemitério não acaba mais, já andamos quilômetros! – Olhou para atrás. – Nunca andei tanto, Ricardo, vou ficar exausta.
- A boa vida te deixou preguiçosa. Que feio – lamentou ele, impelindo-a para frente. – Dobrando esta alameda, fica o jazigo da minha gente, é de lá que se vê o pôr do sol. – E, tomando-a pela cintura: - Sabe, Raquel, andei muitas vezes por aqui de mãos dadas com minha prima. Tínhamos então doze anos. Todos os domingos minha mãe vinha trazer flores e arrumar nossa capelinha onde já estava enterrado meu pai. Eu e minha priminha vínhamos com ela e ficávamos por aí, de mãos dadas, fazendo tantos planos. Agora as duas estão mortas.
- Sua prima também?
- Também. Morreu quando completou quinze anos. Não era propriamente bonita, mas tinha uns olhos...Eram assim verdes como os seus, parecidos com os seus. Extraordinário, Raquel, extraordinário como vocês duas...Penso agora que toda a beleza dela residia apenas nos olhos, assim meio oblíquos, como os seus.
- Vocês se amaram?
- Ela me amou. Foi a única criatura que...- Fez um gesto. – Enfim não tem importância.
Raquel tirou-lhe o cigarro, tragou e depois devolveu-o
- Eu gostei de você, Ricardo.
- E eu te amei. E te amo ainda. Percebe agora a diferença?
Um pássaro rompeu o cipreste e soltou um grito. Ela estremeceu.
- Esfriou, não? Vamos embora.
- Já chegamos, meu anjo. Aqui estão meus mortos.
Pararam diante de uma capelinha coberta de alto a baixo por uma trepadeira selvagem, que a envolvia num furioso abraço de cipós e folhas. A estreita porta rangeu quando ele a abriu de par em par. A luz invadiu um cubículo de paredes enegrecidas, cheias de estrias de antigas goteiras. No centro do cubículo, um altar meio desmantelado, coberto por uma toalha que adquirira a cor do tempo. Dois vasos de desbotada opalina ladeavam um tosco crucifixo de madeira. Entre os braços da cruz, uma aranha tecera dois triângulos de teias já rompidas, pendendo como farrapos de um manto que alguém colocara sobre os ombro do Cristo. Na parede lateral, à direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso para uma escada de pedra, descendo em caracol para a catacumba.
Ela entrou na ponta dos pés, evitando roçar mesmo de leve naqueles restos da capelinha.
- Que triste é isto, Ricardo. Nunca mais você esteve aqui?
Ele tocou na face da imagem recoberta de poeira. Sorriu melancólico.
- Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, flores nos vasos, velas, sinais da minha dedicação, certo?
- Mas já disse que o que eu mais amo neste cemitério é precisamente esse abandono, esta solidão. As pontes com o outro mundo foram cortadas e aqui a morte se isolou total. Absoluta.
Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semi-obscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento.
- E lá embaixo?
- Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó- murmurou ele. Abriu a portinhola e desceu a escada. Aproximou-se de uma gaveta no centro da parede, segurando firme na alça de bronze, como se fosse puxá-la. – A cômoda de pedra. Não é grandiosa?
Detendo-se no topo da escada, ela inclinou-se mais para ver melhor.
- Todas estas gavetas estão cheias?
- Cheias?...- Sorriu.- Só as que tem o retrato e a inscrição, está vendo? Nesta está o retrato da minha mãe, aqui ficou minha mãe- prosseguiu ele, tocando com as pontas dos dedos num medalhão esmaltado, embutido no centro da gaveta.
Ela cruzou os braços. Falou baixinho, um ligeiro tremor na voz.
- Vamos, Ricardo, vamos.
- Você está com medo?
- Claro que não, estou é com frio. Suba e vamos embora, estou com frio!
Ele não respondeu. Adiantara-se até um dos gavetões na parede oposta e acendeu um fósforo. Inclinou-se para o medalhão frouxamente iluminado:
- A priminha Maria Emília. Lembro-me até do dia em que tirou esse retrato. Foi umas duas semanas antes de morrer... Prendeu os cabelos com uma fita azul e vejo-a se exibir, estou bonita? Estou bonita?...- Falava agora consigo mesmo, doce e gravemente.- Não, não é que fosse bonita, mas os olhos...Venha ver, Raquel, é impressionante como tinha olhos iguais aos seus.
Ela desceu a escada, encolhendo-se para não esbarrar em nada.
- Que frio que faz aqui. E que escuro, não estou enxergando...
Acendendo outro fósforo, ele ofereceu-o à companheira.
- Pegue, dá para ver muito bem...- Afastou-se para o lado.- Repare nos olhos.
- Mas estão tão desbotados, mal se vê que é uma moça...- Antes da chama se apagar, aproximou-a da inscrição feita na pedra. Leu em voz alta, lentamente.- Maria Emília, nascida em vinte de maio de mil oitocentos e falecida...- Deixou cair o palito e ficou um instante imóvel – Mas esta não podia ser sua namorada, morreu há mais de cem anos! Seu menti...
Um baque metálico decepou-lhe a palavra pelo meio. Olhou em redor. A peça estava deserta. Voltou o olhar para a escada. No topo, Ricardo a observava por detrás da portinhola fechada. Tinha seu sorriso meio inocente, meio malicioso.
- Isto nunca foi o jazigo da sua família, seu mentiroso? Brincadeira mais cretina! – exclamou ela, subindo rapidamente a escada. – Não tem graça nenhuma, ouviu?
Ele esperou que ela chegasse quase a tocar o trinco da portinhola de ferro. Então deu uma volta à chave, arrancou-a da fechadura e saltou para trás.
- Ricardo, abre isto imediatamente! Vamos, imediatamente! – ordenou, torcendo o trinco.- Detesto esse tipo de brincadeira, você sabe disso. Seu idiota! É no que dá seguir a cabeça de um idiota desses. Brincadeira mais estúpida!
- Uma réstia de sol vai entrar pela frincha da porta, tem uma frincha na porta. Depois, vai se afastando devagarinho, bem devagarinho. Você terá o pôr do sol mais belo do mundo.
Ela sacudia a portinhola.
- Ricardo, chega, já disse! Chega! Abre imediatamente, imediatamente!- Sacudiu a portinhola com mais força ainda, agarrou-se a ela, dependurando-se por entre as grades. Ficou ofegante, os olhos cheios de lágrimas. Ensaiou um sorriso. - Ouça, meu bem, foi engraçadíssimo, mas agora preciso ir mesmo, vamos, abra...
Ele já não sorria. Estava sério, os olhos diminuídos. Em redor deles, reapareceram as rugazinhas abertas em leque.
- Boa noite, Raquel.
- Chega, Ricardo! Você vai me pagar!... - gritou ela, estendendo os braços por entre as grades, tentando agarrá-lo.- Cretino! Me dá a chave desta porcaria, vamos!- exigiu, examinando a fechadura nova em folha. Examinou em seguida as grades cobertas por uma crosta de ferrugem. Imobilizou-se. Foi erguendo o olhar até a chave que ele balançava pela argola, como um pêndulo. Encarou-o, apertando contra a grade a face sem cor. Esbugalhou os olhos num espasmo e amoleceu o corpo. Foi escorregando.
- Não, não...
Voltado ainda para ela, ele chegara até a porta e abriu os braços. Foi puxando as duas folhas escancaradas.
- Boa noite, meu anjo.
Os lábios dela se pregavam um ao outro, como se entre eles houvesse cola. Os olhos rodavam pesadamente numa expressão embrutecida.
- Não...
Guardando a chave no bolso, ele retomou o caminho percorrido. No breve silêncio, o som dos pedregulhos se entrechocando úmidos sob seus sapatos. E, de repente, o grito medonho, inumano:
- NÃO!
Durante algum tempo ele ainda ouviu os gritos que se multiplicaram, semelhantes aos de um animal sendo estraçalhado. Depois, os uivos foram ficando mais remotos, abafados como se viessem das profundezas da terra. Assim que atingiu o portão do cemitério, ele lançou ao poente um olhar mortiço. Ficou atento. Nenhum ouvido humano escutaria agora qualquer chamado. Acendeu um cigarro e foi descendo a ladeira. Crianças ao longe brincavam de roda.
Lygia Fagundes Telles In:.Antes do Baile Verde.




Exercício Avaliativo sobre o Conto Venha ver o pôr do Sol de Lygia Telles.

  1. Quais são as personagens apresentadas pelo conto? Dê as características físicas e psicológicas de cada um.

  1. Como o conto apresenta a situação inicial?


  1. Em que modos verbais estão empregados os verbos? Que efeito causa no texto?


  1. Lygia Fagundes Telles, escritora consagrada da Literatura Brasileira, tem como uma de suas temáticas a abordagem dos conflitos humanos pela constução do fator psicológico nas atitudes das personagens. Faça a descrição física e psicológica das personagens envolvidas no conto. O qual das duas descrições foi fundamental para contribuir num enredo sinistro? Justifique. 


  1. De que maneira o cenário interfere na criação das personagens?


  1. Já dava para perceber que algo de errado estava por acontecer no conto. Cite elementos que demonstrem isso.


  1. De que maneira passa o tempo neste conto? Cronológico ou psicológico? Justifique com elementos do texto.


  1. Em que momento ocorre o clímax nesta história?


  1. De que maneira o desfecho acaba surpreendendo o leitor?


  1. Por que o nome do conto é: Venha ver o pôr do sol?. Justifique sua resposta com um trecho do mesmo.
   11. No início da história, podemos notar a apresentação da leveza nas atitudes infantis em relação ao outro acontecimento que estava por vir. Explique qual a intenção do autor em fazer essa iniciação do enredo.
 "À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde."
 
       12- Faça uma versão do conto lido, para tanto, deverá incluir uma personagem no decorrer da história com a finalidade de mudar o desfecho. Procure descrevê-la e faça esta inclusão no clímax  para que o leitor imagine o perfil deste protagonista, e promova um final do conto coerente.



  

    sexta-feira, 4 de março de 2011

    exercícios coordenação e complemento verbal, nominal


    E.E.Prof Allyrio de Figueiredo Brasil
    Trabalho de Português           8 série              2011                Prazo de entrega 21-03-2011
    Professora Iara
    Analise de os termos grifados em objeto direto, objeto indireto, complemento nominal
    a)      Ouvimos, hoje de manha, a declaração do presidente.
    b)      Joaquim gosta de carros.
    c)      Eu entreguei o livro ao professor.
    d)     Eu entreguei o livro ao professor.
    e)      Bebemos água da fonte.
    f)       O médico julgou-o apto ao trabalho.
    g)      Ela deu um carro ao pai.
    h)      Ela deu um carro ao pai.
    i)        Pobre do país em que não há respeito às leis.
    Utilize as conjunções coordenadas adequadas para ligar os períodos e identifique o sentido que as estabelecem.
    a)      “Espere, mais tarde nós vamos.” ( Circuito fechado)
    b)      “Ontem aquele calor, hoje chovendo.” (Circuito fechado)
    c)       “Passe mais tarde, ainda não fiz, não está pronto.” (Circuito fechado)
    d)      O presidente não fez declaração sobre o caso. O presidente preferiu esperar o resultado das investigações.
    e)      A atmosfera do planeta dá sinais de desequilíbrio. O ser humano continua agredindo a natureza.
    f)       O goleiro não tocou a bola. O goleiro estava mal posicionado.
    g)      Não deixe de vir à minha festa. Quero ficar com você.
    h)      Nós brigamos ontem. Não sairemos juntos hoje.
    i)        Você vai para um lado, vai para o outro, nunca fica no lugar.
    j)        Os Estados Unidos querem que os países diminuam poluentes da atmosfera. Os Estados Unidos não aceitam assinar o protocolo de Kyoto.
    k)      Os jovens anseiam muito por liberdade. Os jovens acham que ter liberdade é poder fazer o que quiserem.
    l)        A água será o bem mais precioso nas próximas décadas. As fontes de água potável estão se esgotando. A conscientização sobre o uso responsável da água é necessária.
    m)    Namorar. Ficar. O jovem precisa de oportunidades para conhecer o outro. O jovem precisa de oportunidades para se conhecer.
    Reescreva as orações empregando conjunções que possam substituir as destacadas, sem prejudicar a coesão dos períodos.
    a)      Não tire a blusa aqui dentro que está frio!
    b)      Quer chova, quer faça sol irei ao show de música sertaneja.
    c)       Todos estranharam sua redação, no entanto ninguém falou o que estava pensando para não contrariar você.
    d)      Mariana não gostou do que você disse; logo trate de pedir desculpas.