domingo, 25 de abril de 2010

Vida e obra de Patativa do Assaré




Por Paula Perin dos Santos

Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, nasceu na Serra de Santana, a 18 Km da cidade de Assaré, em 5 de março de 1909. Filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva, família pobre, perdeu o pai aos oito anos, passando a partir daí a trabalhar na roça para garantir o sustento da família.

Logo que ingressou na escola, aos doze anos, passou a escrever poesia e produzir pequenos textos. Quando ganhou uma viola da mãe, aos dezesseis anos, ingressou na arte dos repentes, apresentando-se em saraus e pequenas festividades de sua cidade natal.

O nome “Patativa” surgiu devido à semelhança entre seu canto e o do pássaro Patativa, ave nordestina que possui um canto mavioso e singular, quando o jovem poeta tinha apenas vinte anos. Com um nome artístico, passou a viajar pela região cantando seus repentes e apresentando-se várias vezes na rádio Araripe.

Sua obra tem grande destaque na literatura cearense. Um dos seus poemas mais conhecidos, “A triste partida”, foi cantado por Luiz Gonzaga, rei do baião. O poema fala de uma família de retirantes que, sofrendo com a seca, parte para São Paulo em busca de dias melhores. Tão bem interpretada, que Patativa enaltece o talento do artista:

“A letra e a melodia de “A triste partida” são minhas, mas nada se compara à gravação do rei do baião. A toada ficou muito mais penosa quando ele colocou aqueles refrães: “ai, ai, ai”, acompanhada daqueles: ”meu Deus, meu Deus”. Aquilo é muito belo, é muito mais penoso. (Feitosa, 2003:206)

Sua poesia experimentou as cantorias e seus desafios, o cordel e sua dicção repentista, a alfabetização iniciática e as leituras dos clássicos da poesia universal. Atravessou o limiar dos terreiros para se abrigar nas praças, junto aos feirantes. Invadiu as ondas do rádio e se difundiu na mídia de tal maneira que não há como classificá-lo entre “popular” e “erudito”, “regional” e “universal”, pois o canto de Patativa é eterno e universal (op. cit., p.8).

Patativa do Assaré faleceu aos 93 anos, em 8 de julho de 2002. Contudo, sua memória continua viva no Memorial Patativa do Assaré, na sua cidade natal, Assaré, sul do Ceará. Sua obra tem sido estudada por pesquisadores, professores, fruída nas universidades e fora dela. Também tem sido objeto de estudo de mestre e doutores.

Obras do Autor:
A triste partida;
Inspiração Nordestina (1956); Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa (1967); Cante Lá que Eu Canto Cá (1978); Ispinho e Fulô (1988); Balceiro – Patativa e Outros Poetas de Assaré (1991); Cordéis (1993); Aqui Tem Coisa (1994); Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré (2000); Balceiro 2 – Patativa e Outros Poetas de Assaré (2001); Ao pé da mesa (2001).

Fontes
FEITOSA, Luiz Tadeu. Patativa do Assaré – a trajetória de um canto. São Paulo, Escrituras Editora, 2003.

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