domingo, 23 de maio de 2010

Tempos modernos











Apesar do tempo que passou,
coisas novas eu quero e preciso
viver das alegrias repentinas,
uma surpresa, um suspiro...

Hoje eu sou
quem eu sempre quis ser...
alegre,amada e sonhadora
eu amo alguém, mas cadê!
não te encontro...

Te procuro, em sorrisos e olhares alheios,
mas não te encontro...mas não me deixo abater,
pois sou uma sonhadora
e não vou desistir de ti

Se existe algo mais forte
que o amor,
eu não conheço,
pois não dá para controlar
é repentino.
´´No amor, não é possível escolher e nem ser escolhido´´

Aluna: Maysa 1ºE E.E.Prof Allyrio de Figueiredo Brasil

Ilusão



















Ilusão

De repente aquele susto
pensei até que fosse um furação
mas era um coração...
pensei que fosse morrer

pois ele batia tão forte,
parecia que queria saltar
ah! que sensação lúdica
parecia como num conto de fadas
eu apaixonaada.

Quem diria, eu um dia,
com aquele sorriso bobo,
parecendo um tolo
até mesmo um bobão,
mas quem manda no coração.

Quando essas coisas acontecem
é mágico, sem noção
fiquei tão ligada a isso
que até esqueci
eu e ele somo apenas bons amigos.


Aluna: Maysa 1ºE E.E.Prof Allyrio de Figueiredo Brasil

quarta-feira, 19 de maio de 2010

História de dois irmãos




História de dois irmãos

Está é a história de dois irmãos . Com eles aconteceu uma coisa muito esquisita, difícil de acreditar.
Eles eram as pessoas mais sortudas do mundo,pois podiam voar, sair por ai voando conhecendo o mundo,conhecendo as diferenças e maravilhas desse planeta.
Eles já foram para Argentina,Japão,China,França,Inglaterra e muitos outros lugares.Esses irmãos podiam fazer coisas que ninguém fazia.
Voavam não para salvar o mundo,mas sim para conhecer os lugares,e depois escrever livros sobre suas aventuras.
Adoravam estudar e ajudar seus pais. Eram crianças normais,que brincavam e se divertiam assim como todas as outras,a única diferença não era poder voar, mas sim ser crianças esforçadas.
Aluna: Ester série 6ª"A" E.E.Prof. Allyrio de Figueiredo Brasil

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O sonho de um mundo melhor


















O Sonho De Um Mundo Melhor


Talvez apenas um sonho,

mas quem disse

que não vale a pena sonhar?!



Sonhar com um mundo onde...

o amor iria se concretizar.



Um mundo que ultrapassasse fronteiras,

e nem haveria barreiras.

Um mundo onde nada é impossível!!!!

Tudo se faz fantasia,

tudo se faz sonhar...

E nesses reflexos de emoções

gostaria de me expressar...



Gostaria também de repartir uma conclusão,

gostaria de berrar,até as vezes pra mim mesma

que o amor é o vinculo da perfeição.



Uma das coisas que aprendi com esse "tal" amor,

é que sozinha nada consigo...

preciso de pessoas para amar.

A arrogância em lugar algum me leva,

preciso a cada dia mais...

aprender conjugar na vida o verbo...amar.



Amar, que não se resume

apenas em palavras bonitas,

nem na frase,tipo :

eu te amo.



Amar um amor que sofre...

luta...

que se decepciona...

se alegra...

vive dentro de nós ...

Que leva a

misericórdia

a compaixão e acima de tudo ao

perdão



Muito de nós esquecemos do amar,

dessa palavra tão profunda.

Tão excitante,

exuberante...

Esquecemos...

Vale a pena sonhar!!!



E quando isso se concretizar,novamente vamos sonhar...



Aluna: Lucy 8ª série A E.E. Profº Allyrio de Figueiredo Brasil

Menina Bonita


Menina Bonita

















Menina mais bonita que diamante,
mais bonita que ouro ou brilhante,
mais bonita do que tudo neste mundo,
mais bonita do que mar cristalino,
do que qualquer outra mulher deste mundo.


Aluno Gabriel Expedito Quirino dos Santos 6ª série A
E.E. Prof Allyrio de Figueiredo Brasil

Sonhos e lembranças

















Sonhos e lembranças

O sol na janela,
brincadeiras sinceras,
inocência, curiosidade
escorregar, balançar

Ver alguém feliz,
Ser capaz de alcançar,
desejar, comprar, compartilhar,
despertar a curiosidade.

Coisas que passei
E que não vivi praticamente
Hoje me lembro,
Ah! se eu pudesse voltar no tempo...
Viveria meus dias um a um.

Sem medo do futuro
hoje vejo o que passei.
Cada dia da vida eu vivo
como se fosse o último
com alegria e simplicidade,
pois o segredo da vida
É cativar, conquistar, ser feliz!


´Ser feliz não é apenas sorrir, a cada sorriso há um sentido, uma emoção`

Aluna Maysa Barbosa 1ºcolegial E E.E,Prof Allyrio de Figueiredo Brasil

Torci a mão


Torci a mão

Num dia, eu estava indo para escola, encontrei minha amiga no caminho, a Vitória, viemos conversando.
Chegando na escola, encontramos na sala e passando-se três aulas... enfim, chegou a hora do intervalo, nós fomos à cantina, comemos, fomos ao banheiro e bebemos água.Quando deu o sinal, entramos na sala.
Novamente, passando-se mais três aulas...
Todos estavam indo embora. Todo mundo estava agitado, o portão ainda não estava aberto, o inspetor o abriu, todos estavam empurrando e eu caí, a Vitória já estava perdida no meio de tanta gente, mas ela conseguiu me achar e eu falei para ela.
- Eu sacho que torci minha mão, está doendo muito, me ajuda a levantar
- Sim, eu te ajudo a levantar, mas vamos procurar a sua mãe! Disse a Vitória.
Ela me ajudou a levantar e nós achamos a minha mãe. A Vitória foi embora, minha mãe me levou ao médico, graças a Deus ficou tudo bem, depois se uma semana eu já retornei à escola.


Aluna Thaynara Alves dos Santos 5ª série A E.E.Prof Allyrio de Figueiredo Brasil

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Os Irmãos


OS IRMÃOS

Nos grandes tempos, existiam dois reis: Bruno o invensível e o Marcos o grande.Os dois viviam em guerra, era quase uma briga boba que acabava logo, porque o rei Bruno também era conhecido pela inteligência e Marcos apenas por ser maior e desenhava as máquinas que seu irmão fazia.Daí Marcos teve uma ideia, iria sabotar a máquina do mestre rei e colocar a culpa no irmão, porém sue irmão percebeu o plano.
Marcos era muito chato, pois dizia que só seu irmão levava o crédito,e quando Bruno viu seu irmão sabotando uma das máquinas foi correndo avisar o mestre da inglaterra para não as comprar, mas o mestre foi muito teimoso,subiu na máquina. No primeiro levantamento que o avião fez, o mestre caiu no chão e querou as pernas.
Bruno teve que pagar um preço alto pelas pernas do rei. Teve que vender todos os seus aviões.
Passou 2 meses e Marcos ficou com um peso enorme na consciência. Seus filhos estavam a caminho com suas sobrinhas, filhas de seu irmão Bruno, e o que eles iam pensar? Então, ele falou para o rei da inglaterra, contou toda a verdade e foi preso por 3 anos.
E assim, tudo voltou ao normal.

Aluno: Bruno M. Patriota 6ª A E.E.Prof Alyrio de Figueiredo Brasil

Copa do Mundo Texto do Aluno Anthony




Foi exatamente no ano de 2010 no mês de junho, as ruas estavam desertas era tudo verde e amarelo, naquele dia ia acontecer um marco histórico, a brilhante Copa do Mundo. O Dunga suava frio o coração batia forte, mas não era só ele que sentia essas reações era todo torcedor Brasileiro, as lojas fecharam, as empresas deram descanso só para ver o Brasil jogando, pois o Brasil ia ser hexa campeão.



Essas são as reações que nos vivemos de 4 em 4 anos.

Aluno:Anthony 8ª série A E.E.Prof Allyrio de Figueiredo Brasil

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Biografia Fernando Pessoa


Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888 em Lisboa. Em 1893 morre seu pai e em 1894, seu irmão, Jorge. No ano seguinte, sua mãe casa-se com João Miguel Rosa, cônsul português em Durban, na África do Sul. Em 1896, a família parte para Durban onde Fernando Pessoa estuda e aprende o inglês. Em 1905, ele regressa definitivamente a Lisboa, com intenção de se inscrever no Curso Superior de Letras. Lê Shakespeare, Wordsworth e filósofos gregos e alemães. Toma contato com a poesia francesa, especialmente a de Baudelaire e lê os poetas portugueses Cesário Verde e Camilo Pessanha. Em 1907, abandona o curso superior e monta uma tipografia que mal chega a funcionar. No ano seguinte, começa a trabalhar como correspondente estrangeiro em casas comerciais, profissão que exerceu até a morte. Pessoa escolhe uma vida discreta, mas livre, sem obrigações fixas, nem horários.

Em 1912, Pessoa inicia sua colaboração na revista A Águia. Inicia correspondência com Mário de Sá-Carneiro que, de Paris, manda a Pessoa notícias do Cubismo e do Futurismo. Pessoa escreve, em inglês, o poema Epithalamiun e, em português, o drama O Marinheiro. Vai elaborando o projeto de vários livros e traz um novo movimento: o Paulismo, tudo isso no ano de 1913. No ano seguinte, publica Paúis, sob o título de Impressões do Crepúsculo e aparecem os heterônimos*: Alberto Caeiro e seus discípulos Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Fernando Pessoa compõe Ode Triunfal, encaminhando-se para o Sensacionismo e para o Futurismo, sob o heterônimo de Álvaro de Campos. Compõe ainda Chuva Oblíqua (poesia ortonímica), delineando o Interseccionismo.

Em 1915, surge a revista Orpheu, marco do Modernismo em Portugal. O primeiro número, dirigido por Luís Montalvor e Ronald de Carvalho, publica os poemas Ode Triunfal e Opiário (Álvaro de Campos) e O Marinheiro (Fernando Pessoa). No segundo número, saem Chuva Oblíqua e Ode Marítima. No mesmo ano, Fernando Pessoa inicia-se no esoterismo, traduzindo um Tratado de Teosofia. Em 1919, escreve Poemas Inconjuntos, assinados por Alberto Caeiro, apesar deste ter morrido em 1915. Em 1920, Pessoa passa a morar com sua mãe, que regressara, viúva, da África do Sul. Ela falece em 1925. Cinco anos depois, Pessoa escreve mais poemas, assinados por seus heterônimos. Em 1934, publica Mensagem, livro de poemas de cunho místico-nacionalista, única obra em português publicada em vida. Em 1935, no dia 30 de novembro, no Hospital São Luís, em Lisboa, morre Fernando Pessoa.

*Os heterônimos (diz-se de autor que publica um livro sob o nome verdadeiro de outra pessoa)

Os principais heterônimos de Fernando Pessoa são:

1- Alberto Caeiro, nascido em Lisboa em 16 de abril de 1889 - o mais objetivo dos heterônimos. Busca o objetivismo absoluto, eliminando todos os vestígios da subjetividade. É o poeta que se volta para a fruição direta da Natureza; busca "as sensações das coisas tais como são". Opõe-se radicalmente ao intelectualismo, à abstração, à especulação metafísica e ao misticismo. Neste sentido, é o antípoda de Fernando Pessoa "ele-mesmo", é a negação do mistério, do oculto.

Coerente com a posição materialista, antiintelectualista, adota uma linguagem simples, direta, com a naturalidade de um discurso oral. Os versos simples e diretos, próximos do livre andamento da prosa, privilegiam o nominalismo, a "sensação das coisas tais como são". É o menos "culto" dos heterônimos, o que menos conhece a Gramática e a Literatura. Mas, sob a aparência exterior de uma justaposição arbitrária e negligente de versos livres, há uma organização rítmica cuidada e coerente. Caeiro é o abstrador paradoxalmente inimigo de abstrações; daí a secura e pobreza lexical de seu estilo.

2- Ricardo Reis, nascido no Porto em 19 de setembro de 1887 - representa a vertente clássica ou neoclássica da criação de Fernando Pessoa. Sua linguagem é contida, disciplinada. Seus versos são, geralmente, curtos, tendendo à vernaculidade e ao formalismo. Tem consciência da fugacidade do tempo; apóia-se na mitologia greco-romana; apresenta-nos uma musa (Lídia) e, filosoficamente, é adepto do estoicismo e do epicurismo (saúde do corpo e da mente, equilíbrio, harmonia) para que se possa aproveitar a vida, mas sem exageros, sossegadamente, porque a morte está à espreita. Médico que se mudou para o Brasil.

3- Álvaro de Campos, nascido no Porto em 19 de setembro de 1887 - é o lado "moderno" de Fernando Pessoa, caracterizado por uma vontade de conquista, por um amor à civilização e ao progresso, por uma linguagem de tom irreverente. Essa modernidade tem ligações claras com o cosmopolita Cesário Verde, com Walt Whitman e com o Futurismo. Sentindo e intelectualizando suas sensações (sentir e pensar), Campos percebe a impossibilidade de não pensar, observa criticamente o mundo e a si próprio, angustiando-se diante do tempo inexorável e do absurdo da vida. Apresenta-se como o engenheiro inativo, inadaptado, inconciliado, com consciência crítica.
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u108.jhtm

Álbum Fernando Pessoa

domingo, 2 de maio de 2010

Mar Português

Vida e obra de Fernando Pessoa

Aprendizado


Luiz Vilela


A arte é um longo aprendizado, e a vida dos grandes escritores está cheia de lutas e de sacrifícios.
Padre Ângelo olhou um instante pelo vitrô que dava para a rua; depois voltou-se de novo para a classe e olhou para ele:
- Meu filho, Deus te deu uma vocação; cultive-a com carinho. Um grande futuro te espera.
O resto da aula ele mal vira – nada mais tinha importância, nada mais existia a não ser aquele mundo dentro dele, aquela coisa maior do que tudo lá fora.
Agora ia pela rua, a caminho de casa. Quando chegou no Jardim, teve uma vontade doida de sair correndo, gritando e saltando sob as árvores.
Tirou a redação da pasta e olhou mais uma vez: No canto da página, em cima, um dez grande, escrito com tinta vermelha seguido de um ponto de exclamação. E seus pais, quando ele mostrasse e contasse?
Não podia mais, e já ia correr, quando foi olhar para trás e viu Jordão e Grilo: Jordão fez-lhe um sinal para esperar. Ele ficou parado, olhando para os dois, que vinham contra o fundo da tarde que morria: Jordão gordo e gingando, e Grilo comprido e curvo. Alguma coisa ia encolhendo dentro dele.
- Como é, escritor?...-Jordão abraçou-o.
Ele procurou sorrir. Grilo vinha meio atrás, sem falar nada.
-Fiquei contente pra burro: tenho um colega gênio...Cadê a redação?
-Está aqui na pasta.
-Deixa eu ver.
-Amanhã te mostro; estou com pressa agora, mamãe pediu para eu chegar mais cedo hoje – ele mentiu.
- Num instantinho eu leio.
- Amanhã eu levo no colégio.
Vinha trazendo a pasta dependurada pela mão; passou-a para debaixo do braço e ficou segurando com força. Sentia seu coração bater contra ela.
Jordão tirava uma pedrinha do sapato, apoiado em Grilo.
Recomeçaram a andar.
- Você não foi na festa ontem – disse Jordão. – Foi bacana, dançamos e bebemos pra burro. Por que você não foi?...
-Não deu.
-Você estava escrevendo?
-Não.
-É verdade que sua mãe te ajuda a escrever?
-Quem disse isso?
-Ouvi dizer lá no colégio.
-Quem disse?
-Ouvi dizer. Você também não ouviu, Grilo?
-Ouvi.
-Quero saber quem disse isso.
-Quê que tem? Acho que não tem nada de mais a mãe da gente ajudar.
-Minha mãe não me ajuda – ele disse.
-Pois minha mãe me ajuda. De vez em quando eu peço a ela. Não é porque eu tenho preguiça; é que mulher é que tem jeito pra essas coisas.
Ele ficou calado.
-Eu não tenho jeito nenhum – continuou Jordão. – Meu negócio é ser macho – e virou-se e deu uns socos em Grilo, provocando-o.
-Você não dá nem pro começo – disse Grilo.
- Uma esquerda só, e eu te amasso, Grilo.
-Você não dá nem pra começar – disse Grilo.
Jordão atirou a esquerda, não com tanta força que machucasse; Grilo desviou-se e deu-lhe uma gravata.
-Agora – disse Grilo, segurando-o com o braço ossudo, os olhos brilhantes.
-Me larga – Jordão tossiu sufocado, - você tá me enforcando...
Grilo ainda deu uma apertada, provando sua força; depois soltou-o.
-Você quase me mata – choramingou Jordão, passando a mão pelo pescoço, que estava vermelho.
Grilo ria contente.
-Filho duma égua – Jordão ameaçou avançar de novo, e Grilo deu uma corridinha, rindo. – Vem, vem agora, se você é homem...
-Eu não, bem, você é muito gorda...
Jordão riu.
-Cavalo...
Ele esperava, olhando para os dói.
Jordão foi andando come ele. Olhou para trás:
-Olha que coisa mais esquisita, olha se isso é gente; eu, se tivesse nascido assim, suicidava...
-Quê que foi aí, gorda? – Grilo se aproximou. – Tá querendo me dar?...
-Aqui quê eu tou querendo te dar – Jordão balançou para ele.
-Deixa eu ver se tem alguma coisa aí...
Jordão empurrou-o com o corpo.
-Hum, bruta...
Jordão riu.
Os três iam andando. Tinham atravessado metade do Jardim.
-Acho que é uma sacanagem... - disse Jordão.
-Sacanagem o quê? – ele perguntou, e seu coração começou a bater depressa de novo.
-Você não deixar a gente ler agora a redação...
-Já te falei que amanhã eu levo no colégio; amanhã você lê.
-Amanhã está longe, queria ler é agora...
Ele apertava a pasta contra o corpo
Na calçada em frente, por entre as árvores do Jardim, viu seu tio passando: ia calmamente, as mãos atrás, olhando para a tarde. Se o tio tivesse virado um pouco a cabeça, também o teria visto; mas foi passando calmamente, olhando para a tarde, e então chegou na esquina, olhou se vinha carro, atravessou a rua e desapareceu.
-Só dar uma lida rápida, Eduardo...
-Não! – explodiu. – Que merda!
Os dois pararam assustados.
-Você fica enchendo o saco! Já te falei que agora não dá, que amanhã eu levo no colégio! Que diabo!
-Tá bem – disse Jordão; - não é caso de briga não...
Recomeçaram a andar.
-Falei que não dá, e você fica insistindo. Se desse, eu mostrava.
-Tá certo- disse Jordão – Não tem problema não; você não quer, não quer; estava só pedindo...
Grilo vinha atrás e parecia mais curvado ainda.
-Só por uma questão de amizade; você tinha mostrado para os outros, e então pensei que...
-Está bem – ele parou de repente:- eu vou mostrar; mas vê se lê rápido, em dois minutos, tá?
-Em dois minutos – concordou Jordão.
Ele apoiou a pasta no peito, abriu, e tirou a redação. Se tivesse olhado um minuto antes, teria visto Jordão fazer um sinal para Grilo; agora, um minuto depois, a redação com eles, o que viu foi os olhos brilhantes de Grilo e Jordão sorrindo – e então compreendeu tudo.
-Me dá minha redação – avançou, mas Jordão puxou a mão para trás.
-Calma ... Eu não li ainda...
-Eu também não li – disse Grilo, no mesmo tom.
Seu rosto queimava, e ele só via aqueles dois na frente rindo.
- Vocês são uns sacanas.
-Como é que é?...-Jordão pôs a mão no ouvido.
_Ele disse que nós somos uns sacanas, Jordão.
-Você disse isso, Eduardo?
Seus olhos embaçavam de desespero e ódio.
-Tadinho – Jordão riu – olha como ele está...Você acreditou mesmo que eu queria ler sua redação, benzinho?...
-Você é um sacana.
-Olha lá, hem? – Jordão ameaçou. – Pára de me chamar disso.
-Sacana.
-Eu rasgo essa bosta aqui, Eduardo.
-Sacana.
-Eu tou avisando, Eduardo.
-Sacana.
-Pára, Eduardo!
-Sacana.
Jordão rasgou a folha e tornou a rasgar e a rasgar.
-Fedaputa! – e Eduardo deu um murro com tanta força, que Jordão foi cair sentado no chão.
Na mesma hora foi agarrado por trás. Tentou escapar, mas Grilo o segurava com força.
E então viu Jordão se aproximando, com os punhos fechados:
-Você vai aprender agora.

Este texto foi extraído do livro Para gostar de ler 35; Gente em conflito, páginas 27-32

Desilusão

Patativa do Assaré
(Antônio Gonçalves da Silva)



Como a folha no vento pelo espaço
Eu sinto o coração aqui no peito,
De ilusão e de sonho já desfeito,
A bater e a pulsar com embaraço.

Se é de dia, vou indo passo a passo
Se é de noite, me estendo sobre o leito,
Para o mal incurável não há jeito,
É sem cura que eu vejo o meu fracasso.

Do parnaso não vejo o belo monte,
Minha estrela brilhante no horizonte
Me negou o seu raio de esperança,

Tudo triste em meu ser se manifesta,
Nesta vida cansada só me resta
As saudades do tempo de criança.


(Mantida a grafia original)

Urubus e sabiás





Rubem Alves


"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."


O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 81.

Aula de inglês




Rubem Braga


— Is this an elephant?

Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente não deve se deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe um grave problema. Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto que ela me apresentava.

Não tinha nenhuma tromba visível, de onde uma pessoa leviana poderia concluir às pressas que não se tratava de um elefante. Mas se tirarmos a tromba a um elefante, nem por isso deixa ele de ser um elefante; mesmo que morra em conseqüência da brutal operação, continua a ser um elefante; continua, pois um elefante morto é, em princípio, tão elefante como qualquer outro. Refletindo nisso, lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas, quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco consegui descobrir o pequeno rabo que caracteriza o grande animal e que, às vezes, como já notei em um circo, ele costuma abanar com uma graça infantil.

Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse convincentemente:

— No, it's not!

Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia deixado apreensiva. Imediatamente perguntou:

— Is it a book?

Sorri da pergunta: tenho vivido uma parte de minha vida no meio de livros, conheço livros, lido com livros, sou capaz de distinguir um livro a primeira vista no meio de quaisquer outros objetos, sejam eles garrafas, tijolos ou cerejas maduras — sejam quais forem. Aquilo não era um livro, e mesmo supondo que houvesse livros encadernados em louça, aquilo não seria um deles: não parecia de modo algum um livro. Minha resposta demorou no máximo dois segundos:

— No, it's not!

Tive o prazer de vê-la novamente satisfeita — mas só por alguns segundos. Aquela mulher era um desses espíritos insaciáveis que estão sempre a se propor questões, e se debruçam com uma curiosidade aflita sobre a natureza das coisas.

— Is it a handkerchief?

Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o que poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca... Não, hipoteca não. Por que haveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi impávido:

— No, it's not!

Minhas palavras soaram alto, com certa violência, pois me repugnava admitir que aquilo ou qualquer outra coisa nos meus arredores pudesse ser um handkerchief.

Ela então voltou a fazer uma pergunta. Desta vez, porém, a pergunta foi precedida de um certo olhar em que havia uma luz de malícia, uma espécie de insinuação, um longínquo toque de desafio. Sua voz era mais lenta que das outras vezes; não sou completamente ignorante em psicologia feminina, e antes dela abrir a boca eu já tinha a certeza de que se tratava de uma palavra decisiva.

— Is it an ash-tray?

Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeiro lugar porque eu sei o que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque, fitando o objeto que ela me apresentava, notei uma extraordinária semelhança entre ele e um ash-tray. Era um objeto de louça de forma oval, com cerca de 13 centímetros de comprimento.

As bordas eram da altura aproximada de um centímetro, e nelas havia reentrâncias curvas — duas ou três — na parte superior. Na depressão central, uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito de fósforos já riscado. Respondi:

— Yes!

O que sucedeu então foi indescritível. A boa senhora teve o rosto completamente iluminado por onda de alegria; os olhos brilhavam — vitória! vitória! — e um largo sorriso desabrochou rapidamente nos lábios havia pouco franzidos pela meditação triste e inquieta. Ergueu-se um pouco da cadeira e não se pôde impedir de estender o braço e me bater no ombro, ao mesmo tempo que exclamava, muito excitada:

— Very well! Very well!

Sou um homem de natural tímido, e ainda mais no lidar com mulheres. A efusão com que ela festejava minha vitória me perturbou; tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.

Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com passo firme e ao ver, na vitrine de uma loja,alguns belos cachimbos ingleses, tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma longa conversação com o embaixador britânico, se o encontrasse naquele momento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:

-- It's not an ash-tray!

E ele na certa ficaria muito satisfeito por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser sempre agradável a um embaixador ver que sua língua natal começa a ser versada pelas pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é acreditado.

Maio, 1945


A crônica acima foi extraída do livro "Um pé de milho", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1964, pág. 33.

Globalino e o aquecimento global

Gladston Salles



Algumas décadas após a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima...

Na terra reina o caos. A água é escassa e qualquer alimento “vale ouro”. Muitos povos migraram e sucumbiram na luta pela sobrevivência. As geleiras derreteram e os oceanos engoliram nações inteira. O egoísmo, o desamor e a ambição desmedida dos homens focados apenas na conquista de bens materiais contribuíram muito para essa horrenda situação. As grandes potências mundiais (maiores responsáveis pela poluição) não deram a devida importância aos apelos dos ecologistas e dos movimentos populares pela preservação da natureza. Os cientistas com base nos estudos e pesquisas avançadas bem que tentaram convencer os governantes sobre os danos irreversíveis que a desenfreada poluição causaria a terra. Mas de nada adiantou... Mesmo diante de estranhas mudanças climáticas e a ocorrência de catástrofes provocadas por tufão, ciclone, furacão, maremoto, temporais avassaladores, inundações, terremoto, etc., os chamados “países ricos” continuaram com seus projetos ambiciosos de desenvolvimento econômico, expansão industrial, aumento do poderio bélico e do arsenal nuclear e conquista espacial. Lamentavelmente sem consciência ecológica e sem tomar as devidas medidas preventivas contra o chamado “aquecimento global”.

Nesse contexto Globalino vive sem esperança diante de um cenário demasiadamente triste. O mundo está em ruínas. Quase não existe “verde”. O calor é sufocante. Globalino sente muita fome e sede. É o “aquecimento global” implacável e irreversível que atingiu nível humanamente insuportável. Os rios secaram. A vegetação é coisa rara. Os homens e animais estão morrendo. Não há comida. O campo está sem cultivo. Aliás, está quase tudo deserto. Cidades "fantasmas". Árvores ressequidas. Nenhum pássaro vadio. Ruas e avenidas vazias. Casas sem ninguém. Indústrias falidas. Comercio extinto. Nenhum meio de transporte em atividade. Tudo virou sucata.Lixo em abundância. Podridão. Medo. Desespero e lágrimas. Sinais de luto e abandono.

Globalino perdeu a família e está muito doente. Solitário e sem destino resolve com dificuldade caminhar até a velha estação de trem... Lá chegando não encontra ninguém para ajudá-lo. O vazio é imenso. A solidão cruel. Não existe mais passageiro. Nem maquinista. O trem parou pra sempre... Globalino sabe que não tem pra onde fugir. A visão fica turva e quase não consegue mais respirar. Sente uma dor aguda no peito e sem socorro sentado no banco agoniza e morre.

- Que ironia do destino... Defronte a estação há um cartaz antigo e desgastado onde se lê “Vamos salvar o planeta”.



http://recantodasletras.uol.com.br/contos/2013391

Grande Edgar




Luís Fernando Veríssimo



Já deve ter acontecido com você:

- Não está se lembrando de mim?

Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, e todas as fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra. E não há tempo para procurar no arquivo desativado. Ele está ali, na sua frente, sorrindo, os olhos iluminados antecipando a sua resposta. Lembra ou não lembra?

Neste ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir. Um, o curto, grosso e sincero.

- Não.

Você não está se lembrando dele e não tem por que esconder isso. O "Não" seco pode até insinuar uma reprimenda à pergunta. Não se faz uma pergunta assim, potencialmente embaraçosa, a ninguém, meu caro. Pelo menos não entre pessoas educadas. Você devia ter vergonha. Não me lembro de você e mesmo que lembrasse não diria. Passe bem.

Outro caminho, menos honesto mas igualmente razoável, o da dissimulação.

- Não, não me diga. Você é o... o...

"Não me diga", no caso, quer dizer "Me diga, me diga". Você conta com a piedade dele e sabe que cedo ou tarde ele se identificará, para acabar com a sua agonia. Ou você pode dizer algo como:

- Desculpe, deve ser a velhice, mas...

Este também é um apelo à piedade. Significa "Não torture um pobre desmemoriado, diga logo quem você é!". É uma maneira simpática de dizer que você não tem a menor idéia de quem ele é, mas que isso não se deve à insignificância dele e sim a uma deficiência de neurônios sua.

E há um terceiro caminho. O menos racional e recomendável. O que leva à tragédia e à ruína. E o que, naturalmente, você escolhe.

- Claro que estou me lembrando de você!

Você não quer magoá-lo, é isso! Há provas estatísticas de que o desejo de não magoar os outros está na origem da maioria dos desastres sociais, mas você não quer que ele pense que passou pela sua vida sem deixar um vestígio sequer. E, mesmo, depois de dizer a frase não há como recuar. Você pulou no abismo. Seja o que Deus quiser. Você ainda arremata:

- Há quanto tempo!

Agora tudo dependerá da reação dele. Se for um calhorda, ele o desafiará.

- Então me diga quem eu sou.

Neste caso você não tem outra saída senão simular um ataque cardíaco e esperar, falsamente desacordado, que a ambulância venha salvá-lo. Mas ele pode ser misericordioso e dizer apenas:

- Pois é.

Ou:

- Bota tempo nisso.

Você ganhou tempo para pesquisar melhor a memória. Quem é esse cara, meu Deus? Enquanto resgata caixotes com fichas antigas no meio da poeira e das teias de aranha do fundo do cérebro, o mantém à distancia com frases neutras como jabs verbais.

- Como cê tem passado?

- Bem, bem.

- Parece mentira.

- Puxa.

(Um colega da escola. Do serviço militar. Será um parente? Quem é esse cara, meu Deus?)

Ele está falando:

- Pensei que você não fosse me reconhecer...

- O que é isso?!

- Não, porque a gente às vezes se decepciona com as pessoas.

- E eu ia esquecer você? Logo você?

- As pessoas mudam. Sei lá.

- Que idéia!

(É o Ademar! Não, o Ademar já morreu. Você foi ao enterro dele. O... o... como era o nome dele? Tinha uma perna mecânica. Rezende! Mas como saber se ele tem uma perna mecânica? Você pode chutá-lo, amigavelmente. E se chutar a perna boa? Chuta as duas. "Que bom encontrar você!" e paf, chuta uma perna. "Que saudade!" e paf, chuta a outra. Quem é esse cara?).

- É incrível como a gente perde contato.

- É mesmo.

Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser audacioso.

- Cê tem visto alguém da velha turma?

- Só o Pontes.

- Velho Pontes!

(Pontes. Você conhece algum Pontes? Pelo menos agora tem um nome com oqual trabalhar. Uma segunda ficha para localizar no sótão. Pontes, Pontes...)

- Lembra do Croarê?

- Claro!

- Esse eu também encontro, às vezes, no tiro ao alvo.

- Velho Croarê!

(Croarê. Tiro ao alvo. Você não conhece nenhum Croarê e nunca fez tiro ao alvo. É inútil. As pistas não estão ajudando. Você decide esquecer toda a cautela e partir para um lance decisivo. Um lance de desespero. O último, antes de apelar para o enfarte).

- Rezende...

- Quem?

Não é ele. Pelo menos isto está esclarecido.

- Não tinha um Rezende na turma?

- Não me lembro.

- Devo estar confundindo.

Silêncio. Você sente que está prestes a ser desmascarado.

Ele fala:

- Sabe que a Ritinha casou?

- Não!

- Casou.

- Com quem?

- Acho que você não conheceu. O Bituca.

Você abandonou todos os escrúpulos. Ao diabo com a cautela.

Já que o vexame é inevitável, que ele seja total, arrasador. Você está tomado por uma espécie de euforia terminal. De delírio do abismo. Como que não conhece o Bituca?

- Claro que conheci! Velho Bituca...

- Pois casaram.

É a sua chance. É a saída. Você passa ao ataque.

- E não avisaram nada?!

- Bem...

- Não. Espera um pouquinho. Todas essas coisas acontecendo a Ritinha casando com o Bituca, o Croarê dando tiro, e ninguém me avisa nada?!

- É que a gente perdeu contato e...

- Mas o meu nome está na lista, meu querido. Era só dar um telefonema. Mandar um convite.

- É...

- E você ainda achava que eu não ia reconhecer você. VOCÊS que se esqueceram de mim!

- Desculpe, Edgar. É que...

- Não desculpo não. Você tem razão. As pessoas mudam...

(Edgar. Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar. Ele confundiu você com outro. Ele também não tem a mínima idéia de quem você

é. O melhor é acabar logo com isso. Aproveitar que ele está na defensiva. Olhar o relógio e fazer cara de "Já?!".)

- Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu?

- Certo, Edgar. E desculpe, hein?

- O que é isso? Precisamos nos ver mais seguido.

- Isso.

- Reunir a velha turma.

- Certo.

- E olha, quando falar com a Ritinha e o Mutuca...

- Bituca.

- E o Bituca, diz que eu mandei um beijo. Tchau, hein?

- Tchau, Edgar!

Ao se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer "Grande Edgar". Mas jura que é a última vez que fará isso. Na próxima vez se alguém lhe perguntar "Você está me reconhecendo?" não dirá nem não. Sairá correndo.



("As Mentiras que os Homens Contam")